sexta-feira, 5 de abril de 2019

CRÓNICA DE UMA INSPECÇÃO FALHADA!

Aproximadamente no inicío de 1984, voltei ao antigo 5.º Bairro, à altura 11.º, para integrar uma equipa de fiscalização local, cujo o chefe deste departamento era o Joaquim Gonçalves (que envelheceu precocemente só por aturar este grupo), a supervisão estava a cargo do saudoso Manuel Carneiro.
Julgo eu que nos juntaram ali, para não estragarem outros bairros fiscais, era a nata da malandragem de lisboa, e se estiver a exagerar será por muito pouco, passo pois a referir aquela seleção municipal: Vitor Gonçalves, João Correia dos Santos, Carlos Ferreira (Kali), Vitor Resende, Franquelim, Manuel Joaquim Rito Pereira (o decano), Galvão (metro e meio de Alentejo), Sampaio (um minhoto residente em Vila Franca, bruto mas, excelente colega) e vindos do Departamento de Inspeção a Luciana e o Carrondo.
Recebi, como um dos primeiros processos, a verificação da actividade de uma Pensão, que ficava no final, do lado esquerdo, da 5 de Outubro em frente da Feira Popular, julgo que em nome individual e com contabilidade.
Fui lá depois de almoço, era um prédio sem manutenção, já velho, com um inquilino por piso, toco à campainha, abrem a porta e aparece uma senhora loura oxigenada com uns seios do tipo Bo Derek, que à distancia de meio metro, os bicos do soutien tocavam no meu peito, o cheiro era nauseabundo, espreitei e vi um corredor enorme, uma cozinha logo à entrada, do meu lado direito, onde estava outra senhora igualmente loura em amena conversa com um individuo, talvez nos preliminares e prestes a fecharem o negócio para passarem ao ataque e, do lado esquerdo uma sala.
Digo à senhora que sou das Finanças e pretendo falar com o Sr., X, acto continuo, ela vira-se para a citada sala e gritando chama o Sr. X, dizendo que esta ali um senhor das finanças, voltou-se novamente para mim, mais as mamas e disse: Ele teve uma trombose e está todo apanhado.
Entrámos os dois para a sala, era enorme, com tetos altos e estava dividida por um contraplacado, nesse momento ouve-se uma voz vinda da parte escondida do contraplacado: 
- Ai! Que já me mijei todo!

Aparece, vindo lá de trás, um senhor de muletas em calças de treino com uma grande mancha no sitio da braguilha que, dirigindo-se a mim, coloca a mão no molhado das suas calças e diz: Olhe, está a ver, até me mijei todo e estendendo a mesma mão procura cumprimentar-me, ai eu já tinha as mãos atrás das costas e disse-lhe que se fosse deitar novamente, apenas pretendia que me desse a morada do local onde estava a contabilidade, pois queria sair da li o mais rápido possível.






                                                           ESCREVE: VÍTOR GONÇALVES 


1 comentário: