O IMPOSTO DE CAPITAIS

Esta estória não foi passada no Quinto Bairro mas tem como intervenientes pessoas ligadas à 5 de Outubro.

Quando tomei posse, no então 10º Bairro Fiscal de Lisboa, em 29/10/1981, como técnico tributário, em vez de ir para a fiscalização local fui colocado na secção da Contribuição Industrial com o meu saudoso e bom amigo Sr. Cardoso, mais conhecido pelo "cachimbarias".

Um dia o Sr. Cosme, Chefe da Repartição, chama-me ao gabinete e, sem direito a contraditório, diz-me sem mais nem menos - "Você vai liquidar os Capitais."

Só tive tempo de dizer - "Eu? mas porquê eu se nunca vi à minha frente um manifesto?"

"Porque sim e se precisar de ajuda aqui estou eu para lha dar."

Engoli em seco e pus-me a magicar no que fazer.

A primeira coisa seria estudar o assunto mas não havia tempo e a segunda seria procurar ajuda.

Assim fiz e a quem? Nem mais nem menos que ao nosso saudoso Farinha. Não procurei nem no Bairro onde estava nem noutro local qualquer. Fui direito à minha mater.

FARINHA "O SALVADOR"

Saí da Fontes Pereira de Melo direito à 5 de Outubro, onde fui carpir as minhas mágoas junto daquela pessoa de bem, benfiquista ferrenho, muito amigo do seu amigo e até do seu inimigo pois era uma paz de alma, que me recebeu de braços abertos e, quando soube ao que ia, deu uma gargalhada daquelas que só ele sabia dar.

É isso? Não te preocupes. Deu-me uma cábula, julgo que idealizada por ele e que aplicada aos manifestos dava o apuramento do imposto a cobrar e mais, disse-me que, se precisasse de ajuda, era só aparecer pois podia contar com ele.

Que alívio.

Mais descansado lá fui fazer as contas.

Tínhamos recebido manifestos do 5º Bairro, do 1º Bairro, do 9º Bairro, a que se somavam os que tinham sido originados no próprio Bairro, uma loucura pois nem alfabetados estavam, mas aí, tinha a experiência trazida da vivência do segundo andar da 5 de Outubro.

Quando se aproximou a data de enviar a relação para a informática o Sr. Cosme veio ter comigo e perguntou como estávamos de apuramentos. Mostrei-lhe as gavetas onde estavam os verbetes e disse - "Estes estão liquidados e estes não (o que era mais de metade)". Ele pôs as mãos na cabeça e diz -"Mas faltam meia dúzia de dias para o prazo terminar e assim não conseguimos cumpri-lo." "Pois, o senhor é que disse que se eu precisasse de ajuda era o senhor, o próprio, que ma vinha dar, Veio? Não, assim...".

REZA "O SOLIDÁRIO"

Nesse mesmo dia tinha o Zé Reza junto de mim e, os dois, trabalhando que nem uns cães (perdoem-me os adeptos do PAN), conseguimos terminar e entregámos a relação a tempo e horas na informática para emitirem os conhecimentos, com excepção da Mocar, que só foi possível introduzi-la na relação de descarga manualmente, mas a tempo. Os verbetes  desta empresa ocupavam, pelo menos, duas gavetas.

Resumindo, Quinto-Bairrismo de eleição - Farinha e Zé Reza sempre solidários. Obrigado por tudo.

                                ESCREVE: CAMACHO