terça-feira, 16 de novembro de 2021

LERPA 1

 


O prometido é devido e aqui vai a primeira história das minhas aventuras no domínio da lerpa.

Tudo se passou na minha estadia em terras de Moçambique.


Foi numa bela noite em que jogávamos à lerpa à luz de candeeiros improvisados com garrafas de Manica (para quem não saiba Manica era uma marca de cerveja que era vendida em garrafas parecidas com as da Sagres) com um pavio e cheias de gasóleo ou petróleo ou lá o que era pois os geradores tinham pifado e não havia nenhum “corajoso” da CCS, que fosse ao mato arranjá-los.


Estávamos entretidos na jogatana quando fomos atacados.


Escusado será dizer que foi o pânico geral, até porque era o primeiro ataque que sofríamos ao aquartelamento.

Cartas pelo ar, dinheiro também e cada um foi para o seu lado.



O Capitão ficou mudo e quedo, sentado na cadeira onde estava, e de repente disse para o cantineiro que estava por debaixo da mesa:- “Alves, vai-me buscar uma cerveja:”

O Alves coitado estava borrado de todo e não queria ir, ao que o Capitão, com aquela voz de trovão que tinha, lhe disse:- “Ou vais buscar a cerveja ou então tenho que ir eu!”. Aqui o Alves lá foi busca-la, mas muito a contragosto.



Depois de bebericar a cerveja disse:- “Agora é que vou ver o que se passa!”.


Até de mais sabia o Capitão que o “quartel” estava seguro com a malta que estava nos abrigos e que fazia a sua protecção.




Foi aqui que aprendi que o pânico não resolve nada e em futuros ataques que sofremos mantive a calma necessária e que bem útil se revelou na vida que iria enfrentar profissionalmente.



Obs;- “Quartel” está entre comas porque chamar quartel àquilo é um crime. Eram quatro casas com armação de ferro revestidas a chapa ondulada!...

Vejam a foto em anexo tirada com o meu pelotão junto de uma das casernas!








                  Escreve: MILITÃO CAMACHO 

1 comentário: