quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

OS LIVROS “VOADORES”





Decorria o ano de 1978 e uma das tarefas mais complicadas que havia na vida quintobairrista, para a malta da Receita Eventual, era a conferência do célebre livro 8-A, um calhamaço de mais de um metro de comprimento e não sei quantos quilos de peso, onde eram registadas as receitas.
No final de cada dia, quem estava de serviço ao livro lá descia ao rés-do-chão, à tesouraria, com aquele tropeço debaixo do braço, para conferi-lo com outro igual que estava estacionado lá. Feita a conferência, regressava à origem.
Umas vezes era o saudoso Baptista, outras vezes o Zé Melato e depois passei eu a fazer parte da lista, também.
Ora, a tradição foi cortada a direito quando alguém teve a ideia de inovar, atirando com o livro da varanda do primeiro andar para a rua, descendo calmamente as escadas, de mãos a abanar, contornando o edifício e só então, quase à porta da tesouraria, recuperá-lo do chão do passeio e entrar!
Eu sei quem era “o artista”, mas não me acuso!
E até o Mendes Leal não conseguiu evitar um sorriso quando um contribuinte, um dia, subiu ao Bairro (o chefe Leal plantava-se no balcão da Industrial para ser ele a controlar os movimentos da porta e por isso foi ele que atendeu o surpreendido contribuinte) e perguntou se tinha caído dali um enorme livro!
Ou o tesoureiro Futre quando alguém bateu à porta para perguntar se tinham perdido um calhamaço, com ele nos braços, precisamente no momento em que o nosso “artista” chegava para a conferência!
Não consta que o “artista” sofra, hoje, de qualquer problema da coluna, mas os livros vitimados, esses, coitados, era vê-los todos espatifados, a partir de certa data, como se sofressem de alguma maleita!
Memórias… Belíssimas memórias! 








                                                                                   Escreveu: Pessoa

8 comentários:

  1. Oh!Pessoa dizes tu que o 8-A era um calhamaço!!!Aquilo era um livrinho de bolso!!!Agora repara tu se no teu lançamento acertavas nalgum transeunte?Tou certo que apenas um galito lhe faria tão leve como uma pena era o livrito!!!Saúdo a tua bem humorada crónica e espero que não sejas só recepectador!!!

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  2. Ó Alentejano, eu olhava antes de atirar! E quando o movimento era muito, avisava! Era um serviço completo!
    Pessoa

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  3. Oh!Alentejano, mas que desplante vem a ser esse?Senhor alentejano, ou não sabes que os alentejanos são uns senhores!!?São-no tanto que aquelas anedotas que se contam de nós só nos dignificam e não são o enxovalho que os não-alentejanos pretendem fazer crer!!!Cuidadinho calingua!!!Dizes tu que olhavas antes de atirar?Porra então ainda és mais cegueta do que eu pensava uma vez que estava convencido que o teu intuito era acertares em alguém...isto é quem ia pagar ainda levava com esse bajouco pelo lombo!!!Seria o chamado dois em um!!!Sim porque se houvesse um frasco de shampô então era o 3 em 1!!!Sejam felizes!!!

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  4. Se bem me lembro (não estou a citar o Vitorino Nemésio), não era só o "tiro ao alvo" para o passeio com o 8-A, mas também era vê-lo, por vezes, dependia da disposição, a deslizar pelo corrimão abaixo com o Pessoa sentado em cima dele. Estarei enganado? Camacho

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  5. O livro era muito inconstante, ora queria voar, ora queria deslizar para imitar os esquiadores. Eu tinha de o acompanhar. No voo não ia eu, mas só porque enjoo, nada mais. Esquiar, enfim, para o 8-A não se sentir rejeitado ou marginalizado, lá eu ia fazendo o sacrifício! Porra, os sacrifícios que eramos obrigados a fazer, mesmo depois do 25 de Abril!

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  6. Mas os livros ou melhor livrinhos de ...bolso 8-A completos repousavam naquela casa de banho para onde o pessoal ia dormir quando por qualquer motivo não tinha ido xonar a casa!?!Quem não o fez que atire a primeira pedra ou melhor um oito àzito!!!Oh!Pessoa ou tás de férias ou sou eu que tou distraído...não há mais assunto?

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  7. O quê? Um alentejano apressado?
    Chamem a polícia!

    Calma. Nem sempre é possível fazer tudo.

    Precisamos, antes do mais, de mais malta a vir até cá. E mais memórias, mais histórias.

    Calma que o QUINTO BAIRRO vai dar muito que falar!
    Pessoa

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  8. Apressado?Eu quero é sentir o pulsar dos anos 70 e 80!!!Como disse temos que pintar de fresco o passado para no presente sentirmos o futuro!!!Que frase cheia de significado e hoje depois dum almoço em que pude expressar aquilo que sinto pois reencontrei um amigo ...ALENTEJANO que já não via há muitas searas, eu exijo que não queiram apenas ler...participem...estou-me a conter pois o que eu queria dizer...não digo porque não quero ser "alcunhado" de grosseiro e boçal ainda que isso não me ficasse mal...eu até GOSTO que me reconheçam como tal!!!Só não vai dar que falar se nós não quisermos pois temos matéria-prima que dá para isso e muito mais!!!

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