UMA QUESTÃO DE SORTE?...

Algures em 1979 uma moça de barriga algo proeminente entrou no 5.º Bairro e pediu para falar com o chefe…

Quem a atendeu foi o saudoso Dimas ou o Pintão, ou o Nordeste, que pontuavam na Industrial e apontaram-lhe a penúltima porta à esquerda…

O Farinha que ia a passar, correu para a Eventual e disse:

- Pessoa, desaparece que a tua amiga foi falar com o chefe…

Porra, confesso que fiquei “à rasca”, há meses que a rapariga me perseguia, depois de umas noites… “escaldantes”, chamemos-lhes assim.

Trabalhava nos CTT das Picoas e tinha casa por perto e lá fui ficar muitas vezes e divertíamo-nos à maneira…

Só que, a páginas tantas a barriga começou a crescer e o cerco começou…

O Farinha conhecia a história e gozava à grande: Batia com a não no balcão, como se imitasse um carimbo daqueles que nos CTT apunham a data e posto de correios e dizia:

- Senhor Pessoa, agora é que vai ser pai…

Quando o chefe Mendes Leal me chamou ao gabinete e perguntou o que se passou com a rapariga, contei-lhe, mas disse-lhe que não acreditava que a criança fosse minha e ele ria-se atrás daquele bigodinho: Pois é, o “coiso” é cego, mas às vezes…

Andei meses completamente “à rasca”, quase a fugir da própria sombra, até que um dia o chefe me chamou e entregou uma notificação para ir fazer um teste de paternidade, que eu já recebera em casa, também…

Foram tempos conturbados… O Farinha, o Baptista, o Melato e o Reis Duarte, colegas de sala, para não falar do senhor Marques Lima, massacraram-me a tola… “Quem vai ser o padrinho?"

Mas o teste deu negativo!!!

Ufa! Safei-me… Mas convenhamos, foi mesmo por uma questão de sorte!...

                ESCREVE: PESSOA