GUINÉ - 1970

Corria o ano de 1970, na então ocupada por Portugal, Guiné-Bissau. Em Bissalanca na Base Aérea nº. 12, organizaram um jogo de andebol entre nós e os Comandos.

No campo junto à Capela, tudo pronto para o seu início, só que sem bola e árbitro...nada feito.

Bola havia, mas apitador não.

Depois de muita conversa para resolver o impasse, eu que me preparava para jogar ofereci-me para tal "sacrifício".

Só vos digo que a cada falta que marcava, à vez, os protestos eram mais que muitos!!!

Se fosse só o público, vá que não vá, mas os jogadores eram os piores!!! Fui o "pião das nicas"

Por três ou quatro vezes estive para me auto-expulsar.

Aguentei.

Os Comandos ganharam folgadamente, consegui "levar a carta a Garcia", mas no final pensei: «foi a primeira vez a última e nunca mais»!!!

Em cima referi que a Capela era contígua ao recinto, fi-lo porque nessa tarde tinha ido para lá num sobretudo de madeira o Santos, um Polícia Aérea, natural de Sines, que foi esmagado por um cilindro daqueles que alisava o alcatrão nas estradas.

Mas a tropa que via o jogo, indiferente a isso, fazia um escarcéu mesmo ao lado.

Na verdura dos meus vinte e poucos pensei: «a puta da guerra torna o ser humano insensível».

 

VÍTOR HÁ UM PAR DE ANOS

                                                            ESCREVE: VÍTOR